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sábado, 28 de abril de 2012

UM PAPO SOBRE LITERATURA DE CORDEL EM CUBATÃO


Escritor Aderaldo Luciano lança livro em que analisa a história dessa forma poética legitimamente brasileira

"A literatura de cordel tem pai, mãe, local e data de nascimento". Com essa frase, o escritor Aderaldo Luciano defende que a poesia de cordel é a única forma poética legitimamente brasileira, nascida e criada no país pelos nordestinos. Essas e outras ideias foram apresentadas para o público durante uma palestra na Biblioteca de Cubatão na tarde desta sexta-feira (27/4). O encontro é a primeira ação ligada ao Festival Cubatão Danado de Bom 2012.
Foi o escritor quem escolheu a cidade. Há dois anos, esteve na 1º edição do Festival Danado de Bom divulgando e vendendo livros de cordel. Desta vez, veio para divulgar seu mais novo trabalho, a publicação "Apontamentos para a História do Cordel Brasileiro". Neste livro, Aderaldo fala sobre o surgimento desse tipo de poesia e relata os principais nomes da literatura como Leandro Gomes de Barros, Silvino Pirauá de Lima, Francisco das Chagas Batista e João Martins de Ataíde. Na capa do livro, inclusive, aparecem as fotos desses quatro ilustres nordestinos e cordelistas.

Para Aderaldo, as pessoas ainda têm uma ideia errada sobre o que é o cordel e muitas vezes discriminam esses poetas, em vez de valorizá-los: "O Cordel é marginal até mesmo para os poetas alternativos. Nas bienais de livro, por exemplo, não há portas abertas para o cordel. O único que conseguiu visibilidade foi Patativa do Assaré que, inclusive, não faz cordel, mas poesia matuta!", explicou.

Esse tipo de Literatura vai muito além de criações sobre o dia a dia do sertanejo ou sobre a culinária e peculiaridades do nordestino. Visto que hoje existem clássicos como Branca de neve (Irmãos Grimm), O pequeno polegar (Charles Perraut), Memórias póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis) e até A megera domada (William Shakespeare), adaptados em forma de cordel. Isso, sem dizer que existem ótimos cordelistas espalhados por todo o Brasil, de acordo com Aderaldo.

O escritor estudou e ainda tenta compreender as várias faces da Literatura. Paraibano radicado no Rio de Janeiro, Aderaldo é poeta, músico, professor e Doutor em Ciência da Literatura pela Universidade Federal Carioca, trabalha com os conceitos fundamentais da poética do Nordeste brasileiro. É autor de "O Auto de Zé Limeira", com poemas musicados e gravados pelo grupo Cabruêra, da Paraíba. Coordena o projeto Roda de Cordel - Leituras, projeto de leitura de cordéis em escolas e comunidades rurais brasileiras. Conferencista brasileiro sobre cordel no Ano do Brasil na Bélgica (2011), dentro do Europalia - International Arts Festival, em Bruxelas.

Na palestra em Cubatão, Aderaldo afirmou que o Cordel é mais uma faceta da Literatura composta por tantos gêneros e formas diferenciadas. Para ele " a Literatura transforma as inquietações da alma em algo visível. O que muda é apenas a maneira de edificar". E defende que a escola tem papel fundamental neste processo pois o colégio é o facilitador intelectual para esses aluno. "Na verdade, o lugar da Literatura é na sociedade, na vida das pessoas", pondera.

Texto: Morgana Monteiro
Fotos: Henrique Ramos

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