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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A GENEROSIDADE DE UM ESCRITOR

João Carrascoza compartilhou o fazer literário na Biblioteca Municipal de Cubatão. Foi mais uma etapa do projeto Viagem Literária

Assim como a história de cada um é pessoal e intransferível, um conto, um romance ou uma poesia pedem um jeito exclusivo para serem contados. Para o escritor João Carrascoza, a criação literária será sempre um reflexo do autor, sua maneira de interpretar o mundo e as coisas. Carrascoza fez essas e outras considerações durante a Oficina de Criação Literária, nesta terça-feira (23/11), na Biblioteca Municipal de Cubatão.

Cheio de animação e dinâmicas de grupo, ensinou técnicas diferentes para escrever contos. Em um dos exercícios, os participantes foram orientados a elaborar um texto de mãos dadas com o companheiro ao lado. Depois, na leitura, ficou evidente a sintonia que é criada através do toque e da conexão. Desta maneira, conseguiu mostrar que a literatura nasce quando há essa ligação entre o mundo e o autor: “Escrever é um trabalho intelectual que passa pela sensibilidade. É a construção racional de uma emoção, como nos disse Edgar Allan Poe”.

Em outra atividade, os escritores em potencial fizeram um pequeno texto sobre sua fruta preferida. Carrascoza destacou as diferentes interpretações que surgem sobre um mesmo assunto. Enquanto alguns discorreram sobre o fruto, suas propriedades e as sensações que traz, outros o incluíram em pequenas situações cotidianas ou imaginárias. “O que lemos é o que o outro construiu. Nada vai ser maior que a história que você tem dentro de você mesmo. O que precisamos é aprender a reconstruir a força dessa história de maneira que o outro possa entrar”, explicou.

Entre um exercício e outro, Carrascoza leu alguns pequenos contos: “Natal na barca” de Lygia Fagundes Teles, “Sinal dos Tempos”, de autoria dele mesmo, que - com Moacyr Scliar e Marina Colassanti - representou o Brasil em uma Antologia de Contos Latinoamericanos. Por fim, interpretou “Felicidade clandestina”, de Clarice Lispector. O escritor mostrou como uma obra literária, ainda que seja pequena como um conto, pode apresentar consistência e qualidade inquestionáveis do começo ao fim.

João Carrascoza é escritor, redator publicitário, professor da Escola de Comunicação e Artes da USP e da Escola Superior de Propaganda e Marketing. Publicou vários livros de contos, traduzidos, inclusive, para o inglês, espanhol, sueco e italiano. Dos prêmios que recebeu, destacam-se o Guimarães Rosa e Jabuti. Seu livro “Espinhos e Alfinetes”, recentemente lançado, foi bastante elogiado. O escritor doou algumas de suas obras para a Biblioteca Municipal: “Dias raros”, “A terra do lá” e “O médico e o monstro”, uma tradução da livro de Robert Louis Stevenson. Para quem esteve na Biblioteca na noite chuvosa de terça-feira, foi uma oportunidade incrível: participar de uma oficina de criação literária com uma figura tão intensa e um dos melhores contistas brasileiros contemporâneos. Um dia em que João Anzanello Carrascoza nos emprestou sua genialidade e generosidade.

Texto: Morgana Monteiro
Fotos: Carlos Felipe

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