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terça-feira, 15 de junho de 2010

CEMITÉRIO ISRAELITA DE CUBATÃO SERÁ TOMBADO PATRIMÔNIO CULTURAL EM AGOSTO DESTE ANO

Conselheiros e Secretária de Cultura e Turismo se reuniram na capital com representantes da Associação Chevra Kadisha, que administra os cemitérios israelitas no estado. O Conselho obteve total apoio.

As inscrições nas lápides - “Saudades eternas” e “Paz” - sugerem tratar-se de um cemitério como qualquer outro. Mas por trás de cada inscrição e foto, o Cemitério Israelita de Cubatão absorve uma história centenária que remonta a um capítulo pouco lembrado do passado: a imigração judaica. E esse local cercado de mistérios e curiosidades deverá ser tombado como patrimônio ainda este ano pelo Condepac – Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural da cidade. Nesta segunda-feira (14/6), conselheiros do Condepac e a Secretária de Cultura e Turismo, Patrícia Campinas, se reuniram na capital com representantes da Associação Chevra Kadisha, que administra os cemitérios israelitas em São Paulo. O Condepac obteve total apoio da Associação no processo.

Instalado dentro do cemitério municipal, o Cemitério Israelita tem 800 metros quadrados e 75 sepulturas feitas em granito (55 de mulheres e 20 de homens). A lápide mais antiga data de 1924 e a mais recente é de 1966. A curiosidade habita no fato de lá estarem enterradas em sua maioria, as chamadas “polacas”, mulheres judias que no início do século XX deixaram o leste europeu atingido pelo anti-semitismo em direção à América com a promessa de casamentos, mas acabaram sendo exploradas na região. “É brilhante a idéia de conservar os ‘campos-santos’ como patrimônios culturais, pois reconta a história da imigração judaica, e reconhece o trabalho de preservação feito por nós”, afirmou o vice-presidente da Associação, Rubens Muszkat.


A Chevra Kadisha cuida dos cemitérios israelitas no estado desde 1923. Além de Cubatão, administra, também, os “campos-santos” de Embu, Santana e da Vila Mariana. A Chevra assumiu o de Cubatão em 1996 e na época, o local se encontrava em completo estado de abandono, com sepulturas deterioradas e solo quebradiço. As obras de restauração incluíram o conserto e recuperação dos matzeivot (túmulos), ajardinamento, pavimentação das ruas, instalação de lavatório, colocação de placa indicativa no portão e de local apropriado para o acendimento de velas. O cemitério foi, então, reinaugurado em 1997, preservando de forma mais íntegra a história da comunidade judaica na Baixada Santista.

Tombamento deve acontecer em breve - de acordo com o presidente do Condepac, Welington Borges, o tombamento do Cemitério Israelita de Cubatão deve acontecer em agosto, quando a Prefeita Márcia Rosa assinar o decreto. O processo por si só garante apenas o reconhecimento, mas a idéia é implantar um Projeto de Educação Patrimonial ali, com a recuperação e restauração das lápides, reabertura do espaço para visitação pública com monitores e inclusão do espaço em roteiros históricos. Cubatão é uma rota para o litoral e o Cemitério Israelita seria um ponto de parada na própria história da imigração de outros povos no Brasil.

A idéia foi completamente apoiada pela Secretária de Cultura e Turismo, Patrícia Campinas e, ainda, pelos conselheiros Augusto Muniz Campos (vice-presidente), Maria do Carmo Araújo Amaral (1º Secretária), Rubens Alves de Brito (coord. do órgão Técnico de Apoio) e José Fabiano Madeira. Depois dessa reunião, o Condepac vai dar continuidade ao processo tombamento, anexando informações e laudos técnicos que comprovam a importância histórica e cultural do espaço. Daí, então, o documento segue para o Executivo.

Uma das poucas cidades que valoriza a imigração judaica - o reconhecimento do Cemitério Israelita como patrimônio cultural torna Cubatão uma das poucas cidades brasileiras a possuir bens imóveis tombados com relação ao tema judaico, de acordo com Roney Cytrynowicz, participante da Chevra e doutor em História pela USP, que também esteve no encontro. “Temos o Cemitério de Inhaúmas no Rio de Janeiro, o Memorial Judaico em Vassouras (RJ) e o prédio da antiga Singagoga, no Recife (PE) como patrimônios tombados pela sua relevância histórica e cultural. O ‘campo-santo’ de Cubatão vai ser um deles”, garantiu Roney. Observando o Cemitério Israelita hoje, vemos que pouca gente conhece o que há por trás daqueles portões adornados com enormes estrelas de Davi... mas depois do tombamento, essa história será completamente diferente.

Texto: Morgana Monteiro

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